Arquivo diários:16/03/2020

UFMG anuncia suspensão das aulas presenciais a partir de quarta-feira, 18

Medida, tomada em consonância com as diretrizes do fórum de reitores das universidades mineiras, dá continuidade às ações para conter o avanço do coronavírus

As aulas presenciais dos cursos de graduação, pós-graduação e de extensão serão suspensas a partir desta quarta-feira, 18, por tempo indeterminado. A medida, tomada agora há pouco, dá continuidade à série de alterações em seus processos e procedimentos que a UFMG vem adotando há 15 dias como forma de contribuir para a mitigação do avanço da pandemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus.

“Antes mesmo do registro de casos no Brasil, a UFMG já acompanhava atenta a situação, ciente de sua responsabilidade social e da força de sua presença no Estado. O Comitê de Enfrentamento – com participação de especialistas de diversas áreas do conhecimento – foi instituído com o objetivo de dar segurança à nossa comunidade e tranquilidade institucional. Quando ficou claro que havia a necessidade de instituir o distanciamento social, passamos a discutir esse posicionamento com o governo do Estado, porque essa é uma medida de forte impacto social, humano e econômico e não tem efetividade se não for coordenada com todos os atores”, explica a reitora da Universidade, Sandra Regina Goulart Almeida. 

A medida foi anunciada após reunião com os reitores das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes-MG), da qual participou o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais, Dario Brock Ramalho, que apresentou dados sobre a evolução epidemiológica da Covid-19 em Minas Gerais. Segundo, o estado apresenta um atraso de cerca de duas semanas em relação à situação nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. “Dentro da evolução da doença, Minas Gerais e a capital Belo Horizonte devem começar a registrar mais casos a partir desta semana, contudo, sem transmissão comunitária (quando não se pode mais identificar a trajetória do vírus)”, destacou.

A necessidade de articular as ações foi destacada pelo subsecretário, que agradeceu às instituições públicas de ensino superior o compromisso de todas de articular as suas ações, potencializando o impacto das decisões, e a contribuição em produção e disseminação de conhecimento sobre a nova doença. “Uma grande dificuldade que temos deve-se à inexistência de dados sobre o comportamento do vírus nos países tropicais. Estamos iniciando a geração desses dados porque estamos entre os primeiros países afetados. Olhamos com atenção as informações da epidemia nos países temperados, mas é preciso observar os dados da nossa realidade”. 

A reitora Sandra Goulart Almeida explicou que o Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG acompanha diariamente a epidemiologia da Covid-19 de forma a racionalizar as ações tomadas na Universidade. “Temos 60 mil pessoas em nossa comunidade, não podemos simplesmente parar de uma hora para outra todas as atividades – quando não há orientação técnica para isso – e provocar uma série de impactos colaterais. Não podemos sobrecarregar rodoviárias, por exemplo, e parte expressiva de nossos alunos hoje não é de Belo Horizonte. Muitos deles dependem dos nossos restaurantes universitários para se alimentar, precisamos continuar garantindo essa alimentação até a hora que for o momento de interromper completamente as atividades”, informou. 

Em entrevista à TV UFMG, a reitora Sandra Goulart Almeida fala sobre as ações da Universidade para planejar as ações de contenção do avanço da pandemia:

Interrupção gradativa
Como observa continuamente a evolução da pandemia, o Comitê de Acompanhamento pode recomendar outras medidas. Foi decisão do comitê, na última sexta-feira, por exemplo, determinar a suspensão de eventos e limitar a participação de pessoas com mais de 60 anos e integrantes dos grupos considerados vulneráveis pelo Ministério da Saúde (portadores de HIV, transplantados, diabéticos, hipertensos, cardiopatas e pneumopatas), além de estender a limitação para gestantes e imunossuprimidos de maneira em geral. 

De quarta (18) a sexta-feira (20), o Comitê discutirá a necessidade de trabalho remoto para os servidores técnico-administrativos, as condições para a continuidade dos trabalhos de pesquisa, que não podem ser interrompidos, a atuação de estagiários e bolsistas em projetos da própria Universidade, entre outras questões. Algumas medidas dependem ainda de decisões administrativas no âmbito federal e da recomendação do governo de Minas Gerais para intensificação do distanciamento social. 

Nem todos os estudantes e servidores técnico-administrativos seguem em plena atividade até a próxima quarta-feira. “A suspensão total das aulas presenciais a partir do dia 18 vale para todos os cursos. Mas até lá continuam valendo as recomendações de afastamento dos professores, estudantes e servidores técnico-administrativos que apresentem sintomas respiratórios, daqueles que tiveram contato com pessoas suspeitas ou confirmadas e também daqueles que integram os grupos de vulnerabilidade. Nesses casos, a UFMG já previa o trabalho domiciliar”, destaca a presidente do Comitê Permanente, Cristina Alvim. 

Reunião com os diretores
Na tarde desta segunda-feira, a reitora e o vice-reitor, Alessandro Fernandes Moreira, também estão reunidos com os diretores das unidades acadêmicas e administrativas para articular as ações da progressiva paralisação de atividades da UFMG. Da reunião, que ocorre nesta tarde na Reitoria, também participam os pró-reitores acadêmicos e administrativos e a presidente do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus da UFMG, Cristina Alvim. 

Em seguida, a reitora e o vice-reitor reúnem-se com os integrantes da equipe da Administração Central da Universidade. Na pauta, estão os preparativos para a interrupção progressiva das atividades e o início de um trabalho que pretende elaborar orientações para o atendimento e encaminhamento de situações específicas. Também será discutido o relacionamento com parceiros externos. “Temos centenas de ações de extensão que podem ser prioridade de oferta justamente neste momento em que é necessário redobrar os cuidados com nossa população. Por isso, vamos fazendo o nosso planejamento juntamente com a interrupção das aulas. Afinal, é uma situação emergencial e estamos adotando esse encaminhamento com muita responsabilidade, serenidade em conformidade com os protocolos definidos pelas autoridades da área de saúde”, finalizou a reitora.

Tacyana Arce

Fonte: UFMG

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O “distanciamento ou isolamento social”, ou seja, a  suspensão de atividades rotineiras e  o recolhimento ao lar,  é uma medida de profilaxia de alto impacto social que deve ser tomada conjuntamente por diversos atores sociais, e acertada com o poder  público, para que seus efeitos  positivos superem seu alto custo humano  e econômico.

A UFMG não descarta a possibilidade de vir a suspender as aulas, e está coordenando com as autoridades municipais e estaduais a alteração da rotina das 60 mil pessoas que conformam a  sua comunidade, de modo que tal suspensão implique em efetiva mitigação do avanço da epidemia. Por isso, equipes técnicas multidisciplinares, envolvendo especialistas das áreas da Saúde, Pública, como epidemiologia e infectologia, Ciências Biológicas, Matemática, entre outros, acompanham diariamente os boletins epidemiológicos das secretarias municipais e de Estado de Saúde e do Ministério da Saúde, com as quais dialoga ininterruptamente.

Neste domingo (15), a reitora Sandra Regina Goulart Almeida e a professora Cristina Alvim, assessora da Saúde e coordenadora do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus, participaram, com representantes de outras instituições públicas e privadas, de reunião com o governo de Minas para compartilhamento das medidas que estão sendo tomadas. 

O novo secretário-geral do governo de Minas, Mateus Simões, frisou que, diferentemente do que ocorre em outros estados do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, até o momento não há transmissão local ou comunitária da doença em solo mineiro, e o trabalho de acompanhamento diário da evolução epidemiológica indica que não é momento de suspender completamente as aulas. 

Atenção aos protocolos

Os protocolos das sociedades médicas internacionais evidenciam  a necessidade do distanciamento social para diminuir o impacto da terceira fase da epidemia – a fase de transmissão comunitária – quando já não é mais possível identificar como um paciente se infectou com o novo coronavírus. Entretanto, até as 12h deste domingo, 15 de março, Belo Horizonte e Montes Claros, onde estão localizados os campi da UFMG, não registravam nenhum caso confirmado da doença Covid-19.

Ainda assim, o governo do Estado decidiu pela interrupção estratégica temporária das aulas na rede estadual, de quarta (18) e domingo (22), para melhor planejamento e compartilhamento das informações com as escolas integrantes da rede e para a programação de uma futura eventual suspensão geral das aulas. 

Ipes decidem nesta semana

Já a posição da UFMG, assim como de outras universidades públicas mineiras, será discutida durante o Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino  Superior (Foripes) – que ocorre na UFMG, na manhã desta segunda-feira (16), e em reunião com os diretores das 20 unidades acadêmicas que compõem a Universidade, ouvindo o Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do Novo Coronavírus.  

Fonte: Medicina UFMG