Arquivo diários:01/12/2017

Engenharia busca seu melhor desempenho na ‘Fórmula 1 universitária’

Equipe de 40 alunos desenvolveu protótipo que disputa, até domingo, competição automobilística em Piracicaba
Lançamento do modelo TR05B
Modelo TR05B no lançamento oficial, em outubro
Facebook / Fórmula UFMG

Começa hoje, 30, a Fórmula SAE Brasil, competição em que equipes universitárias desenvolvem um protótipo de carro de Fórmula 1. Pela oitava vez, estudantes da Escola de Engenharia representam a UFMG na disputa, que prossegue até domingo, dia 3, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo, em Piracicaba (SP). O modelo desenvolvido pelo grupo é o TR05B.

Durante os quatro dias de competição, os carros enfrentam provas estáticas, apresentações técnicas do projeto e dinâmicas, com o protótipo na pista. A competição tem oito critérios de avaliação, e leva a melhor a equipe que somar mais pontos no total. Entre eles, estão design do protótipo, custo e manufatura, economia de combustível, provas de autocross (volta em percurso predefinido), aceleração e resistência e uma apresentação de marketing para clientes hipotéticos.

Meses antes da competição, os estudantes enviaram ao comitê organizador relatórios de custos, estrutura, atenuador de impactos e projeto. Os relatórios são examinados por engenheiros especialistas e valem como a primeira parte da avaliação dos protótipos. Durante a competição, nas provas estáticas, as equipes devem demonstrar que o carro corresponde à descrição feita no projeto. As provas dinâmicas são realizadas a partir do segundo dia do evento.

Orientada pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica Marco Túlio de Faria desde sua fundação, a equipe Fórmula UFMG é formada por cerca de 40 alunos dos cursos de engenharia da instituição. Sua oficina funciona no Centro de Pesquisas Hidráulicas e Recursos Hídricos, um grande galpão que abriga vários outros projetos de engenharia.

Salto de qualidade

Atual capitão da equipe, o estudante Hermano Naves, do oitavo período do curso de Engenharia Mecânica, integra a equipe há quatro anos. “De 2013 para 2014, houve uma troca de pessoal muito grande. Na época, a gente começou a desenvolver alguns projetos como o câmbio de transmissão, e foi o primeiro ano em que realizamos toda a transmissão do carro. Mesmo assim, faltava muita coisa, mais organização de testes e recursos. Olhando para trás, é absurdo o salto de qualidade que a equipe deu. É completamente diferente o nosso know-how hoje de projeto teórico, domínio de software, domínio e qualidade de fabricação do carro”, comenta.

Neste ano, a equipe conseguiu ultrapassar a meta estipulada de 30 testes antes da competição. “Geralmente não passavam de 15 testes”, lembra Hermano. “No dia 6 de outubro, mais precisamente às 5h41 da manhã, a gente fez o primeiro teste com o TR05B, uma volta na rua que fica atrás do CPH. Aumentamos não só o número, mas também o rendimento dos testes, com maior organização (deixamos o carro pronto um dia antes e saímos bem cedo de manhã para aproveitar o dia todo de trabalho) e melhor definição das funções dos integrantes”, informou. “Quanto mais testa, mais você quebra o carro. Se o piloto anda em condições adversas, seu desempenho melhora. A ideia é justamente que ele quebre nos testes para que seja feita a correção e a falha não ocorra durante a competição.”

Pilotos
Os pilotos da Fórmula SAE também devem ser universitários. A equipe da UFMG contará com quatro condutores, que disputarão quatro provas dinâmicas, sendo um veterano, com dois campeonatos disputados, e os outros que experimentarão pela primeira vez uma volta na pista de Piracicaba, que pode atingir a temperatura de 70ºC, nos dias mais quentes.

Oficina da equipe, últimos ajustes no carro antes da competição foram feitos nesta semana

Últimos ajustes no TR05B antes da competição foram realizados nesta semana
Raíssa César / UFMG

A seleção combina análises subjetivas e técnicas: são levados em conta o desempenho e a dedicação do membro na equipe e o desempenho em baterias de kart. Outro fator decisivo é a combinação de tamanho e peso do piloto. O piloto de maior estatura da equipe mede 1,75m – pessoas com mais de 1,80m têm dificuldades para entrar e se acomodar no carro. Todos pesam na faixa de 70kg.

Fórmula UFMG
Fundada em 2008 por alunos de Engenharia Mecânica, a equipe participa anualmente da Fórmula SAE Brasil, proporcionando aos integrantes a aplicação prática dos conhecimentos obtidos durante a graduação. Na temporada de 2015, a equipe ficou em quarto lugar na classificação geral, superando a sétima colocação do ano anterior. Agora, o objetivo da equipe é alcançar o pódio, classificando-se, assim, para as competições internacionais.

Conciliando estudos e as atividades na equipe por praticamente toda sua graduação, Hermano Naves considera a vivência na equipe uma oportunidade única. “Gosto de dizer que a Fórmula é um grande laboratório na faculdade. Aqui você põe sua criatividade e ideias em prática. Mesmo na indústria, é difícil partir do zero, com a necessidade de vai elaborar, desenhar, simular, construir, testar e validar. Aqui, fazemos isso em um ano. Os alunos das engenharias têm uma grande oportunidade de crescer”, analisa.

Parte da equipe formada por 38 alunos
Parte da equipe de cerca de 40 alunos envolvida no projeto
Raíssa César / UFMG

Garimpando talentos
A Fórmula SAE, assim como as outras provas promovidas pela Society of Automotive Engineers, tem o objetivo de propiciar aos estudantes de engenharia a oportunidade de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, desenvolvendo um projeto completo e construindo um carro do tipo Fórmula.

A competição teve início nos Estados Unidos, em 1981, e foi impulsionada pelas montadoras General Motors, Ford e Chrysler, que viram nela uma chance de garimpar novos engenheiros para suas equipes. Com o passar dos anos, outras empresas se uniram às três e, além de contratar alunos, ainda desenvolveram produtos específicos para o Fórmula SAE.

Criada em 2004, a Fórmula SAE Brasil chega à décima quarta edição. Só em 2016, reuniu mais de 1 mil estudantes. As equipes mais bem classificadas ganham o direito de representar o Brasil em duas competições internacionais realizadas nos EUA. Além do Brasil, versões nacionais do desafio são realizados na Austrália, Itália, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.

Ferdinando Marcos

(Sugestão enviada pela nossa colega Eliane Barros, da Seção de Pessoal)